sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Tratado de Lisboa

“Sucesso Português”

Portugal fechou o ciclo da presidência da União Europeia com uma cerimónia de assinatura do Tratado de Lisboa de forte ressonância mediática à escala internacional Horas e horas de televisão com José Sócrates, Lisboa e Portugal dão um prémio de notoriedade e afirmação política na Europa que, no entanto, não nos deve iludir nem sobre o rumo da governação cá de casa nem sobre os caminhos da política Europeia.
No plano interno, Sócrates vai ter pela frente a incontornável questão da remodelação, a decisão sobre o novo aeroporto de Lisboa aos primeiros dias de Janeiro, o desemprego, a economia, que tarda em disparar, a incapacidade do sistema judicial em reprimir a onda de insegurança que se vive na noite de Lisboa e do Porto. Mas na Europa o “sucesso Português” cantado à volta do tratado de Lisboa não contribui decisivamente mais democrático o chamado “projecto europeu”. O ilegível Tratado, um conjunto de emendas e remissões fora do alcance do cidadão comum, por mais letrado que seja, é o expoente máximo de uma Europa construída por uma poderosa estirpe de eurocratas que vive de um apurado instinto de auto preservação. O cidadão, já se sabe, tem uma posição longínqua nas preocupações de quem constrói tratados do mais puro recorte institucional, em particular quando o fazem sobre as cinzas de uma esmagadora maioria de referendos democráticos que aprovou o documento antecessor. A democracia europeia, também já se sabe, esbarra de vez em quando na vontade dos mais poderosos.

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